Apostar na especializaA�A?o em odontologia do esporte pode ser um bom negocio para o CD
Basta uma busca rA?pida pelos sites de pesquisa na internet para encontrar historias de atletas que viram seu rendimento prejudicado por lesA�es eA�doenA�as do sistema estomatognatico. Entre os casos mais recentes de futebol estA? o jogador mailson do clube gaA?cho juventude, que, em fevereiro, ao se chocar com o goleiro adversA?rio, perdeu dois dentes e quebrou o maxilar e o nariz, o que o tira da competiA�A?o local por alguns meses. Outro que teve que sair as pressas do estA?dio foi miller bolaA�os do grA?mio, obrigado a abandonar um clA?ssico por ter quebrado a mandA�bula, em marA�o. AtA� mesmo o neymar teve seu nome estampado na mA�dia no fim do ano passado por interromper o treino ao sentir dores no dente.
Sem duvidas, em casos como estes acima a�� do mais simples ao mais complexo a�� hA? a necessidade de intervenA�A?o direta e imediata de um CD para minimizar os dados e contribuir para um recuperaA�A?o mais eficiente. Mp fo, de 2015, a odontologia do esporte (OE) passou a ser especialidade, com o reconhecimento do Conselho Federal de Odontologia (CFO). Apesar de nA?o ser uma novidade no meio odontolA?gico, este braA�o da profissA?o ganha A?nfase por propor atuaA�A?o diferenciada e expandir o campo de trabalho do CD. Mas para chegar lA? A� preciso seguir as normas do CFO, investir na formaA�A?o e estar aberto a interdiciplinaridade.
Neste ano em que o Brasil recebe as OlimpA�adas e ParaolimpA�adas, A� fundamental compreender a importA?ncia da OE e o cenA?rio em que ele esta inserido. A especialidade hoje nA?o A� mais relacionada apenas ao uso dos protetores bucais. Especialistas da A?rea odontolA?gica e medica defendem que a saA?de bucal tem interferA?ncia direta no tratamento de lesA�es no corpo todo, assim como pode interferir na postura do atleta e causar queda de rendimento.
Com a resoluA�A?o 160/2015 do CFO, especialistas acreditam que a A?rea torna-se uma opA�A?o ainda mais promissora para os profissionais. Segundo o presidente da academia Brasileira de odontologia do esporte (Abroe), Dr. Gustavo Ferreira, o reconhecimento da especialidade, alA�m de fomentar estudos cientA�ficos que comprovem os benefA�cios da OE, contribui para que estas informaA�A�es cheguem aos CDs, aos mA�dicos e, finalmente, ao atleta. Ele considera isto como uma mudanA�a cultural. O primeiro movimento A� que eles [os atletas] jA? entenderam que a saA?de bucal e agora comeA�am a tomar conhecimento do profissional especializado e passam a procurA?-lo, avalia.
O ideal A� que todo atleta, amador ou profissional, tenha atendimento odontolA?gico rotineiro e nA?o apenas em casos de urgA?ncia. A� indispensA?vel o acompanhamento odontolA?gico dos atletas, afirma o mA�dico SeleA�A?o Brasileira de Futebol e do Clube AtlA�tico Mineiro, Dr Rodrigo Lasmar. Os clubes deveriam ter um setor de odontologia com um prontuA?rio de cada jogador, seu histA?rico e exames prA�vios para que seja feito um trabalho adequado de prevenA�A?o e identificaA�A?o precoce de alteraA�A�es, o que A� muito eficaz, avalia.
Este trabalho deve ser especializado e integrado ao da equipe mA�dica, com exames preventivos, atendimentos durante as competiA�A�es e pA?s-eventos. Tudo isso visando sempre a prevenA�A?o e tratamento de lesA�es na face e na parte oral. O atendimento nos locais de evento tambA�m sA?o formas de prevenA�A?o, pois a minha atuaA�A?o A� fazer o mA?ximo no menor tempo possA�vel para nA?o ter sequelas que possam levar A? perda do dente, nA?o ter uma fratura mais sA�ria, por exemplo, de mandA�bula ou da face, explica o Dr. Alexandre Barberini, professor coordenador do ambulatA?rio de odontologia do esporte do Centro de ExcelA?ncia da FIFA na unfesp, CD no S.C Corithians Paulista, Red Bull Brasil e do instituto do atleta (INA).
No Brasil, a grande maioria dos clubes obrigam as mais diversas modalidades esportivas ainda nA?o dispA�e de equipes especializadas para o cuidado da saA?de orofacial. Dentre as instituiA�A�es brasileiras que jA? buscam se adequar A? realidade da OE estA?o o Botafogo de Futebol e Regatas, do Rio de Janeiro, o clube paulista S.C Corithians e o Red Bull Brasil. Eles tA?m equipes especializadas consolidadas, que fazem o acompanhamento constante de atletas de diversos nA�veis e modalidades. Segundo o Dr. Barberini, mais de 80% dos atletas recebem pouco ou nA?o recebem tratamento adequado em suas equipes. A presenA�a da OE A� mais comum no acompanhamento de atletas que praticam esportes de contato, como boxe e MMA, basquete, rA?gbi e hA?quei, por exemplo, e aos poucos estA? entrando no futebol tambA�m.
O Dr. Gustavo Ferreira explica que, ainda A� comum que os clubes disponibilizem ao esportista um plano odontolA?gico, mas que o efeito nA?o costuma ser o esperado. AlA�m de os atletas nA?o procurarem por atendimentos, os CDs nA?o tA?m preparo para as particularidades deste tipo de paciente. a�?Se o profissional nA?o souber questA�es especificas da A?rea vai acabar prejudicando o atleta, por exemplo, como o uso de medicamentos inadequados e que sA?o apontados em exames antidopingsa�?, pondera.
IntervenA�A?o no rendimento do atleta a�� Apesar da semelhanA�a com tratamentos comuns de consultA?rios, os especialistas defendem que a diferenA�a estA? no pA?blico, e nA?o no trabalho. O atleta nA?o A� paciente comum, diz o Dr. Hilton Gurgel, assessor da AssociaA�A?o Brasileira de Odontologia (ABO) para assuntos da odontologia do esporte. a�?O CD trabalha em um organismo alterado, de certa forma, o que exige ainda mais o equilA�brio da saA?de como todoa�?, comenta. Ao se pensar na saA?de do corpo de forma integral, A� preciso olhar para os efeitos da saA?de bucal em todo o organismo, mesmo que o foco da odontologia do esporte seja a prevenA�A?o e tratamento de lesA�es do sistema estomatognA?tico. PossA�veis doenA�as odontolA?gicas podem ser a causa de lesA�es musculoesquelA�ticas e da dificuldade em sua recuperaA�A?o, que interfere diretamente no desempenho esportivo, explica o mA�dico Rodrigo Lasmar. O chefe do Departamento MA�dico do flamengo, Dr. MA?rcio Tanure, reforA�a a importA?ncia dos exames de prevenA�A?o. Toda avaliaA�A?o prA�-temporada deveria comeA�ar com um exame odontolA?gico afirma.
O Dr. Alexandre Barberini explica que um foco de infecA�A?o pode atrapalhar a cura de uma lesA?o porque o sistema imunolA?gico, que jA? A� comprometido pela prA?pria prA?tica do esporte, fica sobrecarregado e a recuperaA�A?o serA? mais lenta. Isto acontece, por exemplo, em casos de doenA�as periodontal, que demanda longos tratamentos e pode atA� inviabilizar a atuaA�A?o do atleta. A� importante que o CD esteja atento ao calendA?rio de competiA�A�es dos atletas e saiba como e quando poderA? fazer o atendimento para nA?o comprometer resultados, diz.
Por ter ampla atuaA�A?o, o ideal A� trabalhar com uma equipe odontolA?gica em que diversas especialidades interajam, como endodontia, periodontia, cirurgia, radiologia entre outras. E independente do tratamento, o profissional terA? de conhecer as particularidades do esporte em questA?o para nA?o prejudicar a atuaA�A?o do atleta, assim como atuar junto de outros profissionais, como mA�dicos, nutricionistas, psicA?logos e fisioterapeutas.
Entre as principais atividades do CD do esporte estA?o: avaliaA�A�es de saA?de bucal dos atletas; acompanhamento de treinos e jogos; atendimento inicial de urgA?ncia de acidentes na regiA?o orofacial (atA� mesmo cortes na face ficam por conta do CD); administraA�A?o correta de medicamentos para evitar o doping positivo; diagnA?sticos relacionados ao traumatismo e outras doenA�as sistA?micas que manifestam sinais na regiA?o bucal; encaminhamento do atleta para tratamentos mA�dicos e de outras especialidades odontolA?gicas. TambA�m A� responsabilidade do CD a indicaA�A?o do protetor bucal, extremamente importante para evitar traumatismo bucomaxilofaciais e perda dos dentes (vejaA� mais na entrevista abaixo).
Novas descobertas e perspectivas a�� Recentemente, surgiram estudos comprovando a relaA�A?o da postura corporal com a postura da boca, relacionada A? posiA�A?o das articulaA�A�es ou a mA? oclusA?o. a�?Quando existe um problema articular na boca isto gera um desequilA�brio muscular que, por sua vez tem influA?ncia no equilA�brio cervical do trapA�zio atA� a coluna lombar.a�? Explica o DR. Barberni.
O exame que identifica esta alteraA�A?o A� a barapodometria e uma das soluA�A�es para balancear a postura A� o uso de um dispositivo intraoral, que pode ser atA� mesmo o protetor bucal moldado pelo CD. a�?Neste caso, por meio de exames da mandA�bula em relaA�A?o ao maxilo e podemos colocar um protetor com este fima�?, diz o CD do esporte.
Ainda relacionada A? postura estA? a sA�ndrome do respirador bucal, quando ao respirar pela boca, acontece queda na resistA?ncia aerA?bica, o que altera equilA�brio e forA�a, alA�m de provocar sonolA?ncia acentuada.
Tudo isto A� prova de que a trabalho do CD especialista em odontologia do esporte deve fazer parte do dia a dia dos atletas e instituiA�A�es esportivas. Apenas um profissional capacitado e atualizado poderA? nA?o apenas realizar o atendimento adequado, mas tambA�m compreender a importA?ncia dos procedimentos em relaA�A?o A? saA?de geral do atleta.
Diretrizes para especializaA�A?o
Com o reconhecimento da nova especialidade pelo Conselho Federal de Odontologia (CFO), os profissionais que jA? tA?m atuaA�A?o na A?rea devem solicitar o registro de especialista. Para que isto seja possA�vel, A� necessA?rio seguir as normas para registro e inscriA�A?o de especialidades estabelecidas pelo conselho na resoluA�A?o 164/2015.
O artigo 3A? do documento da o prazo de 180 dias apA?s a data de sua publicaA�A?o para o cirurgiA?o-dentista se inscrever como especialista no Conselho Regional de Odontologia (CRO) de sua regiA?o. Para fazer este requerimento, sA?o feitas algumas exigA?ncias quanto A� experiA?ncia de atuaA�A?o na A?rea e teste de conhecimento.
O profissional que busca a regulamentaA�A?o da especialidade deverA? comprovar os dez anos de experiA?ncia em odontologia do esporte. Para isso, deve reunir contratos de trabalho e outros documentos que demonstrem esta atuaA�A?o. AlA�m disso, A� preciso ter atuaA�A?o acadA?mica ao menos cinco anos em curso de graduaA�A?o em odontologia reconhecido pelo MinistA�rio da EducaA�A?o (MEC) e ser responsA?vel por alguma disciplina relacionada A� especialidade. Outra exigA?ncia A� a realizaA�A?o de uma prova escrita e oral, aplicada pela comissA?o examinadora.
JA? os profissionais que desejam ingressar neste novo campo, A� preciso procurar os cursos de especializaA�A?o credenciados pelo Conselho.
Odontologia nos Jogos OlA�mpicos
O maior evento esportivo do Brasil estA? chegando ao brasil e em agosto comeA�am as olimpA�adas Rio 2016, seguidas das paraolimpA�adas, em setembro. Ao todo serA?o 28 dias de competiA�A?o em, respectivamente, 42 e 23 modalidades esportivas, com a presenA�a de 14.850 atletas vindos do mundo inteiro. NA?o hA? lugar melhor para a odontologia do esporte senA?o neste ambiente. PorA�m, a atuaA�A?o do CD especialista nA?o serA? exigA?ncia neste caso, apesar de ser bem-vinda.
O comitA? Organizador dos jogos olA�mpicos e paraolA�mpicos rio 2016 tA?m como parceira a secretaria municipal de saA?de do rio de janeiro, que disponibilizarA? CDs da rede para prestar atendimento aos atletas. Entretanto, a atenA�A?o serA? para casos urgentes que possam eventualmente acontecer durante os jogos. A odontologia do esporte A� relativamente nova e precisamos de especialistas capacitados em diversas A?reas, como endodontia, prA?tese, cirurgia, radiologia e periodontia. Se estes especialistas tambA�m forem CDs do esporte, muito melhor, diz o coordenador da odontologia do comitA?, Dr. Eduardo Muniz Barreto Tinoco.
Os atendimentos serA?o prestados na policlA�nica da cidade olA�mpica. HaverA? um cirurgiA?o-dentista disponA�vel para atendimento no local das competiA�A�es apenas das federaA�A�es que solicitarem a presenA�a do profissional. SA?o exemplos A�s competiA�A�es de basquete e rugbi, alA�m das lutas. Quando a prevalA?ncia de trauma A� baixa, como A� o caso de modalidades sem contato fA�sico, a organizaA�A?o nA?o disponibiliza dentista no local, explica o Dr. Tinoco.
Dr. Roberto vital, coordenador mA�dico do ComitA? ParaolA�mpico Brasileiro (CPB), explica que todos os atletas inscritos nos jogos devem realizar exames de participaA�A?o e que, entre eles, deveria estar a avaliaA�A?o odontolA?gica como prevenA�A?o de traumas. Temos que prevenir qualquer alteraA�A?o na parte dentaria que possa interferir no rendimento do atleta, e se houver alguma alteraA�A?o temos que fazer correA�A?o imediata, como A� o exemplo, declara o mA�dico.
Fonte: Jornal da ABO a�� ANO XXII | EDIA�A?O 156 | FEVEREIRO a�� MARA�O a�� ABRIL 2016 | ABO.ORG.BR